01 setembro 2009

A porta aberta

Coisa comum entre advogados é reclamar do acesso aos juízes. Em regra, juiz é algo meio inacessível sim, e há um sem número de protocolos para se falar com um. Por vezes o diretor de secretária tenta "resolver" pelo juiz, outras vezes um assessor insiste que "sabe o entendimento do juiz", e, em varas mais ousadas, o estagiário se coloca diretamente no caminho entre o advogado e o juiz. De todas as desculpas, o tempo é a mais comum delas.
O fato é que, em regra - e, de fato - é trabalhoso tratar com o juiz, dado o número de obstáculos interpostos no caminho, físicos (portas, escadas, escrivaninhas e mesas) e não físicos (já citados acima).
Ocorre que hoje (em um dos Fóruns da Capital), desejei ir cumprimentar um juiz que ocorre de ser conhecido meu, e esta visita não era profissional (não tenho nenhum processo na vara dele), era mesmo só um rápido cumprimento. De fato, seria a primeira vez que visitava o gabinete deste juiz.
E nesse momento se veio a grande surpresa, que trago a relatar aqui: ao passar na frente do gabinete dele, a porta estava ABERTA. Pasmem, amigos, mas é verdade, a porta estava aberta, ali escancarada ao acesso dos serventuários, do povo, do jurisdicionado e, incrível, de nós advogados.
Descobri que, destoando de muitos, há juizes sem portas para o jurisdicionado e acessível aos advogados, sem as firulas profissionais e sem a necessidade dos galanteios de praxe. No gabinete, encontrei um homem, e não um magistrado-comum. Fotos dos filhos, um aquário, paz e muita simplicidade, compõem o gabinete deste impressionante juiz.
Dr. Henrique Baltazar, que me impressionou, hoje faz fila com Dr. Rosivaldo Toscano, entre os magistrados que respeito, encantado com a maravilha que é, neste mundo interessante, encontrar pessoas que contagiam aos outros com sua dignidade e simplicidade.