... Absurdo.

Recentemente encontrei o seguinte post em uma página da web. Peço licença ao postador para demonstrar minha constitucionalmente garantida irresignação com o lido.

"(...)É por essas e outras que eu digo a todo mundo que tu é a minha única esperança de um dia ver um advogado honesto nesse mundo. Enquanto tu te preocupas em defender um ser humano, outros se vendem a grandes corporações, ou a escroques fora-da-lei em troca do vil metal (...).

E quedo-me assustado. Muito. Discurso meramente retórico e ofensivo. Um dos principais "truques" da ditadura militar foi criar essa imagem dos advogados. Os mesmos advogados que ajudaram a devolver a democracia a este país (até pela morte), enquanto juízes e promotores silenciavam às agruras do regime autoritário. E as pessoas não percebem que gerar e perpetuar essa "imagem" nenhum bem traz, e a ninguém ajuda, senão ofende àqueles que praticam a arte da advocacia.

Mulher gosta de apanhar. Negro não é gente. Polícia é tudo macaco. Todo advogado é corrupto. Sentenças simples que causam problemas complicados.

Esse tipo de pensamento "anti-semita jurídico" bem poderia ser apócrifo, se houvesse sido redigido por algum Czar Russo, trânsfugo, leniente. Tal discurso é fruto de uma cultura chicaneira e erística, amante da retórica despolitizada, descomprometida e dicotômica e que (sempre) vai buscar algo para agredir ou maltratar. Essa assertiva tem mais malícia que ciência, mais epigrama que justiça, mais engenho que filosofia (parafraseando o velho Rui).

E, de novo, estudante sou. Nada mais. Mau sabedor, fraco jurista, mesquinho advogado, pouco mais sei do que saber estudar, saber como se estuda, e saber que tenho estudado. Nem isso mesmo sei se saberei bem. Mas, do que tenho logrado saber, o melhor devo às manhãs e madrugadas. Manhãs e madrugadas dedicadas a perseguir o direito dos meus clientes, homens tão bons e tão honestos como quaisquer outros. E, talvez até, como eu. :(